A expectativa de repetir nas eleições de 2020 a onda ultra conservadora de 2018 motivou evangélicos, militares e policiais a costurar dobradinhas em 45 candidaturas para disputar a prefeitura de 21 capitais brasileiras.
Somente três dessas candidaturas saíram vitoriosas no primeiro turno das eleições e nove vão disputar o segundo. As demais obtiveram colocações que vão do terceiro lugar até o último na contagem dos votos.
Aprovados em primeiro turno
Palmas – Cinthia Ribeiro (PSDB) foi reeleita com 46.243 votos (36,24%). Apesar de não ser assumidamente evangélica, criou durante sua gestão um comitê municipal com as lideranças evangélicas da região para consulta de políticas públicas.
Florianópolis – Gean Loureiro (DEM), eleito no primeiro turno, não é oficialmente evangélico. Seu vice, Topázio Silveira Neto (Republicanos) é um empresário apoiado pela Igreja Universal, mesmo sem ter se declarado evangélico.
Campo Grande – Evangélico, Marquinhos Trad (PSD) foi reeleito. Durante seu governo foi criticado pela gestão pautada em doutrina religiosa. Primo do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, recebeu 218.418 votos (52,58%).
Estão no segundo turno das eleições
Cuiabá – Abílio Junior (Podemos) é neto de líderes da Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Mato Grosso, com muita influência na região. Obteve 90.631 votos (33,72%).
Goiânia – O vice de Maguito Vilela (MDB) é o Pastor Rogério Cruz (Republicanos). A chapa teve 217.194 votos (36,02%). Vai disputar com Vanderlan Cardoso (PSD), que tem Wilder Morais (PSC) como vice. Ambos evangélicos, receberam 148.739 votos (24,67%).
Manaus – David Almeida (Avante) é evangélico. Recebeu 218.929 votos (22,36%).
Maceió – João Henrique Caldas (PSB) é autor de uma lei estadual que institui o dia 30 de novembro como feriado estadual alusivo ao Dia do Evangélico. Obteve 109.053 votos (28,56%).
Rio de Janeiro – Com 576.825 votos (21,90%), Marcelo Crivella (Republicanos) é da coligação “Com Deus, pela Família e pelo Rio”.
São Luís – Eduardo Braide (Podemos) recebeu forte apoio das lideranças da Igreja Assembleia de Deus. Ficou em primeiro lugar no primeiro turno, com 193.578 votos (37,81%). Vai disputar o segundo turno com Duarte Junior (Republicanos), que se filiou ao partido do vice-governador do Maranhão Carlos Brandão com o objetivo de herdar os votos evangélicos que elegeram governador e vice. Obteve 113.430 votos (22,15%).
Vitória – A chapa Delegado Lorenzo Pazolini (Republicanos) a prefeito e a Capitã Estéfane Ferreira (Republicanos) a vice tem pauta voltada a segurança pública e a moralidade cristã, mesmo não se declarando publicamente evangélicos. Pazolini é próximo à ministra Damares Alves e já a homenageou na Assembleia Legislativa. Ao lado de Damares teve envolvimento no caso do aborto da menina de 10 anos vítima de estupro. Recebeu 53.014 votos (30,95%).
No 3º lugar
Palmas – Pastor e Deputado Federal, Eli Borges (Solidariedade) recebeu 16.582 votos (13,0%).
Curitiba – Delegado da Polícia Federal Fernando Francischini (PSL) é evangélico e defende pautas conservadoras. Obteve 52.340 votos (6,26%).
Teresina – Gessy Fonseca (PSC) para prefeita e Mara Denise (PSC) a vice. Ambas evangélicas, obtiveram 50.221 votos (12,14%).
Salvador – Na contramão da maioria dos políticos evangélicos, Pastor Sargento Isidório (Avante) se apresenta como “ex-gay” antibolsonarista. Mas se declara conservador. Ficou conhecido em 2018 por apoiar Fernando Haddad (PT). Recebeu 64.728 votos (5,33%).
Belém – José Priante (MDB) teve na chapa a Pastora Patrícia Queiroz (PSC). Ficaram com 123.808 votos (17.03%).
4º lugar
Rio Branco – Tendo na chapa a vice Missionária Antônia Lúcia (PL), Roberto Duarte (MDB) recebeu 12.362 votos (6,97%).
Rio de Janeiro – Benedita da Silva (PT), evangélica, já integrou a bancada evangélica da Câmara quando foi deputada federal. Ficou com 296.847 dos votos (11,27%).
São Paulo – Celso Russomanno (Republicano) se autodenomina católico, mas é apoiado pela Igreja Universal do Reino de Deus, que controla o Republicanos. Obteve 560.666 votos (10,50%).
Vitória – Capitão Assumção (Patriotas) teve na chapa como vice o Capitão Tristão (PTB). Assumção (com ‘m’) é evangélico. Deputado estadual, apresentou um projeto de lei que cria o “Dia do combate a Cristofobia” no Espírito Santo. Recebeu 12.365 votos (7,22%).
5º lugar
Porto Velho – Coronel Ronaldo Flores escolheu como vice a Pastora Cila. A chapa ficou com 16.750 votos (7,62%).
Teresina – A Pastora Diana Carvalho (Republicanos) foi escolhida para vice de Fábio Abreu (PL). A chapa obteve 29.037 votos (7,02%).
Curitiba – Pastora da Igreja do Evangelho Eterno, Christiane Yared (PL), a candidata a prefeita recebeu 32.677 votos (3,91%). Não participa da bancada evangélica na Câmara.
6º lugar
São Luís – Apóstolo Silvio Antônio (PRTB), que se auto-intitula representante de Bolsonaro e Mourão, recebeu 16.070 votos (3,14%). É fundador e presidente do Ministério Apostólico Internacional Shalom (MAIS) e integrante da Embaixada Cristã de Jerusalém. Sua vice foi Sargento Ana Célia, do mesmo partido.
Belém – Vavá Martins (Republicanos) é pastor licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, radialista e apresentador de TV de programas ligados à entidade religiosa. Obteve 49.476 votos (6,81%).
Boa Vista – Pastor Isamar Ramalho (Podemos) é da presidência da igreja Assembleia de Deus em Roraima. O major da Polícia Militar Overlan Alves foi o vice. A chapa recebeu 8.303 votos (5,25%).
Manaus – Capitão Alberto Neto (Republicanos) é evangélico e muito popular nas redes sociais. Recebeu 76.576 votos (7,82%).
Palmas – Mesmo não sendo declaradamente evangélico, Gil Barison (Republicanos) tem apoio da Igreja Universal. Seu vice foi o Tenente Gilberto (PRTB). Obtiveram 7.654 votos (6,0%).
Porto Velho – Líder da Igreja Assembleia de Deus, Lindomar Garçon (Republicano) e sua vice, a cabo da Polícia Militar Milene Barreto, do mesmo partido, receberam 12.061 votos (5,49%).
7º Lugar
Manaus – Mesmo não se declarando evangélico, Alfredo Nascimento (PL) está sempre nas igrejas e recebe apoio das lideranças evangélicas da região, como ocorreu na candidatura ao senado em 2018. Recebeu 31.676 votos (3,24%).
Rio Branco – O Pastor Jamyl Asfury (PSC) ficou em sétimo e último lugar no primeiro turno. Recebeu 1.509 votos (0,85%). O lema da candidatura era “Rio Branco Feliz! Deus Governando com a Gente”.
São Luís – O evangélicos Jeisael Marx e Janicelma Fernandes (Rede) a vice são da Assembleia de Deus. Ficaram com 14.144 votos (2,76%).
Porto Alegre – O evangélico João Derly (Republicanos) obteve 19.004 votos (2,94%).
São Paulo – Joice Hasselmann (PSL) é evangélica. Ficou com 98.342 votos (1,84%).
8º lugar
Belém – Guilherme Lessa (PTC) é pastor evangélico, locutor, escritor, cantor gospel e assessor parlamentar. Recebeu 2.417 votos (0,33%).
Aracaju – A missionária Simone Vieira (DC) teve como candidato a vice o delegado Paulo Marcio (DC). A chapa obteve 634 votos (0,24%).
São Paulo – Andrea Matarazzo (PSD) escolheu como vice Marta Costa (PSD), filha de pastor, ligada à Igreja Assembleia de Deus. Como deputada, apresentou projetos ligados à moral cristã. A chapa ficou com 82.743 votos (1,55%).
9º lugar
Belo Horizonte – Aliado de Bolsonaro, Lafayette Andrada (Republicanos) teve como vice em sua chapa Marlei Rodrigues, do mesmo partido, obreira da Igreja Universal. Receberam 7.327 votos (0,59%).
10º lugar
Porto Velho – Apoiado pelas congregações da Assembleia de Deus, Edvaldo Soares (PSC) ficou com 4.154 votos (1,89%).
Rio de Janeiro – A ex-juíza evangélica Gloria Heloisa é aliada de Bolsonaro. Obteve 13.816 votos (0,52%).
11º lugar
Rio de Janeiro – A chapa Clarissa Garotinho a prefeita e Jorge Coutinho a vice, ambos do PROS, recebeu 12.178 votos (0,46%). Evangélica, Clarissa é deputada e compõe a bancada evangélica na Câmara.
14º lugar
Porto Velho – Pastor Leonardo Luz (PRTB), da igreja Assembleia de Deus, conseguiu 741 votos (0,34%).
Belo Horizonte – Declarado evangélico, o Cabo Xavier (PMB) é ex-bolsonarista. Recebeu 865 votos (0,07%).
Último lugar
Natal – A Pastora evangélica Jaidy Oliver (DC) ficou em último lugar (13ª posição) nas eleições municipais, recebendo 373 votos (0,11%).
Com informações do Núcleo de Estudos sobre a Democracia Brasileira (Nudeb/UFRJ)