Renomado pastor da AD Ministério do Belém é preso por suspeita de mandar matar ex-nora

Para o delegado seccional, o crime foi marcado pela frieza. "O pastor é um sujeito doutor em filosofia, formado em direito. Ele é um palestrante conhecido no universo evangélico"

Plantão Gospel

A Polícia Civil de Mogi das Cruzes prendeu nesta quarta-feira (23) o pastor Adir Neto Teodoro, de 58 anos, da Igreja Assembleia de Deus Ministério do Belém, por suspeita de mandar matar a ex-nora dele, Mirele Peixoto Souza, de 22 anos.

O pastor nega participação no crime. “Eu não fiz nada, eu não pratiquei nada, eu não matei ninguém, e não matei Mirele e eu me reservo ao meu direito de falar somente em juízo”, disse Adir na Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes.

Para a polícia, o pastor mandou matar a jovem, mas outra pessoa executou o crime e já há um suspeito. As investigações também continuam para descobrir a motivação. “Em interrogatório formal, Adir constituiu advogado e preferiu falar somente em juízo. Informalmente, a gente obteve uma informação de que teria sido em razão de desentendimentos com a vítima”, disse o delegado Rubens José Ângelo, do Setor de Homicídios de Mogi, que conduziu as investigações.

O delegado secccional de Mogi, Jair Barbosa Ortiz disse que o suspeito também disse informalmente que ela estava “infernizando a família dele”. “Ele disse que ela estava infernizando de tal forma que se viu obrigado a eliminá-la por conta desta perturbação”, divulgou o delegado.

De acordo com a polícia, Mirele e o filho do pastor foram casados por cerca de dois anos, estavam separados há seis meses e têm um filho de oito meses. A separação não era formal.

Ainda segundo a polícia, a justiça decretou a prisão temporária e Adir vai responder por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. “As qualificadoras são recurso que dificultou a defesa da vítima; meio cruel – o tiro na nuca; e feminicídio, uma vez que havia relação de parentesco, até uma relação de violência doméstica entre o ex-sogro e a nora”, detalhou Ângelo.

Para o delegado seccional, o crime foi marcado pela frieza. “O pastor é um sujeito doutor em filosofia, formado em direito. Ele é um palestrante conhecido no universo evangélico, fazendo palestras sobre como se deve proceder para se chegar ao céu ou à vida eterna, de forma pacífica. Enfim, isso chamou atenção porque trata-se de um lobo em pele do mais absoluto cordeiro”, disse.

O corpo de Mirele foi encontrado no dia 15 de janeiro, em uma área de mata na beira da Estrada do Taboão, em condições que indicavam que o assassinato havia sido há pouco tempo. Ela tinha marcas de dois tiros no pescoço e não estava com nenhum documento. Para a polícia, Mirele foi assassinada no mesmo local.

Investigação

O delegado Rubens José Ângelo detalhou que a investigação começou com a identificação da vítima e, logo após, o reconhecimento por familiares. A polícia não detalhou os meios utilizados para a investigação, mas ressaltou que imagens gravadas no trajeto feito pela vítima junto com o pastor foram essenciais.

Os dois passaram inclusive por uma conveniência em um posto na Rodovia Ayrton Senna. Primeiro, as imagens mostram a chegada de um carro, onde estaria o segundo suspeito. De acordo com a polícia, 26 minutos depois chegam o pastor e Mirele. Quando eles saem, o carro que havia chegado primeiro segue os dois. A suspeita é que o executor estava neste veículo.

“Durante essas filmagens não se observa qualquer tipo de resistência da vítima, no acompanhamento, andando junto desse sujeito [pastor]. A relação demonstra ser extremamente pacífica, até íntima, mas nada que extrapole uma relação entre ex-sogro e nora”, afirma o delegado Seccional.

Ortiz ainda disse que Mirele mentiu para a família ao sair de casa. “Ela saiu de casa naquela manhã dizendo que estava indo para uma entrevista de emprego no bairro do Tatuapé, só que aparece nas imagens em um posto de gasolina que nada tem a ver com o bairro do Tatuapé, pacificamente, ao lado do executor do crime. Como se estivesse com ele no local fazendo algum tipo de conversa, sobre algum tipo de acerto, algum tipo de acordo. Não dá para precisar isso, mas havia da parte dela uma tranquilidade muito grande no semblante. Da parte dele também. Até o momento em que deixaram o tal posto de gasolina, estavam absolutamente tranquilos. Ou seja, não havia da parte dela nenhuma suspeita do que viria a acontecer”, explica.

A polícia acredita que a arma usada no crime está com a pessoa que atirou e ainda não foi presa. “As investigações seguem na tentativa de identificar este segundo suspeito que seria o autor dos disparos”, destaca Rubens.

A Igreja Assembleia de Deus Ministério do Belém, onde Adir era pastor auxiliar, informou que “a direção da instituição já tomou as medidas cabíveis para o desligamento do mesmo do rol de membros da Igreja”.

Ainda de acordo com a entidade, “a instituição está surpresa com a notícia e aguardando o pronunciamento oficial do Judiciário e da autoridade policial que está responsável pelo caso.”

A igreja também reforçou que “os fatos veiculados não tem nenhuma ligação com a instituição”.

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